Há aqueles que julgam o cineasta Woody Allen um gênio do cinema. Nunca me incluí dentre estes. De fato, a sua filmografia inclui filmes muito bons, tais quais, Bananas (1971), Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar (1972), Noivo neurótico, noiva nervosa (1977), Interiores (1978), Zelig (1983), A era do rádio (1987) e Vicky Cristina Barcelona (2008).
Se olharmos o conjunto de sua obra, concluiremos que em grande parte dela Allen se ocupa em trazer para a tela o cotidiano e refleti-lo de forma às vezes dramática e às vezes cômica dentro de uma moldura padrão. Ele, no geral, abusa da própria forma de ver o cinema, dando-lhe um ar próprio, mas por vezes chato e óbvio, para não dizer cansativo. Parece ter um conjunto de falas programado no seu computador e, de repente, o saca conforme a necessidade de cada cena de seus filmes. Neste sentido, ele parece como os improvisadores da commedia dell´arte do século XVI com as suas pantomimas. Na maioria de seus filmes, o enredo corre como uma improvisação no qual os autores seguem uma série de falas pré-programadas que podem ser utilizadas em variados espaços e tempos.
No que diz respeito à temática, Woody Allen apela sempre para a crítica deslavada dos valores sociais. Em seu lugar nada coloca. Deixa aquele vazio que todo mundo sabe que existe, que as vezes sentimos e por vezes conversamos a respeito. Quer ser Freud, mas acaba mesmo sendo Groucho Marx. Pouco existe em seus filmes de seus cineastas prediletos: Ingmar Bergman, Felini, De Sicca ou Godard ou Truffaut. Há um monte de gente que vê todos estes gênios (estes sim!) por detrás de Allen. Para mim não passa de ilusão de óptica para dizer o mínimo.
No seu último filme, Você vai conhecer o homem dos seus sonhos (2010, EUA, You Will Meet a Tall Dark Stranger, com Antonio Banderas, Josh Brolin, Freida Pinto, Naomi Watts e Gemma Jones,), Woody Allen não apenas abusou da velha fórmula como passa a sensação de tentar enganar a todos de uma só vez. O filme é pretensioso (a começar pela citação inicial de Shakespeare), tem uma história ridícula que não deveria inspirar o menor cuidado dramático, não tem ritmo, é mal repartido no que se refere ao correr das cenas e o velho jogo rápido da câmera acaba por jogar o seu velho recurso de imagem no lixo. O pior de tudo é ver o magnífico elenco tentando salvar cada cena. Fico imaginando se Allen os orientou em relação à execução do roteiro. Não deveria, pois não há o que salvar nos diálogos. Até as suas velhas piadas, conseguiram ficar mais velhas a despeito de arrancar algumas risadas do fundo da platéia. (Há quem se divirta sempre).
O melhor a fazer neste filme é ir embora antes, com a sensação de que o dinheiro do ingresso deveria ser reposto de forma instantânea.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
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