O grande mérito do filme A Rede Social (The Social Network, EUA, 2010, dirigido por David Fincher, com Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Tiberlake, Joseph Mazzello) é o fato de que não há preocupações de posicionar o Facebook como um "paradigma político-social", nem mesmo como uma "superação cultural". De fato, a coisa toda é fabulosa do ponto de vista tecnológico e de negócios. E pára aí. Todavia, quando nos transportamos para além do filme, vemos que não apenas a face do website é revelada. O corpo inteiro acaba desnudado...
Basta verificarmos o que está a ocorrer em relação ao WikiLeaks para percebermos que o Facebook não tem nenhum significado que ultrapasse de forma significativa os limites de sua própria utilidade. O WikiLeaks é um paradigma político, social e cultural. Dele decorre a exposição das vísceras do poder, da bestialidade das grandes potências, da leviandade da diplomacia e por aí vai. Interessante que o idealizador do WikiLeaks utilizou-se da mídia tradicional (jornais, TVs, etc.) para projetar para o mundo como este de fato funciona nas mãos dos poderosos. Isto evidencia a junção momentânea entre o novo e o velho. Tal qual a burguesia e a nobreza nos tempos da Revolução Francesa.
Mark Zuckenberg, o fundador do Facebbok, é o genial partícipe do mundo dos negócios por meio de sua capacidade de ver a "utilidade" de um sistema que coletou a adesão de 500 milhões de pessoas. Além disso, soube fazer as maldades certas nos momentos certos. E dane-se qualquer escrúpulo. Certamente o WikiLeaks não conseguiria tanto, pois afinal, quem realmente se importa com o funcionamento das estruturas de poder? As pessoas trocam visões sobre o Poder pelo relacionamento virtual, incluindo o sexo e a vulgaridade. Até aí não há novidades: a política do panis et circenses é a marca registrada da manutenção da paz social ao longo dos tempos. Se antes eram os gladiadores e os cristãos engolidos pelos leões agora temos o Facebook e as suas feições pantagruélicas. Bem, muitos pensam diferente. (Não estou a me referir a "utilidade" que tem o website. Estou a refletir sobre os valores sociais que são atribuídos, inclusive por parte da intelligentsia, à rede social).
O filme é banal na minha visão. Não há nele nada que possa ser tão meritório para que já tenha arrecadado tantos prêmios e, obviamente, uma bela bilheteria que garante a Zuckenberg um perfil de mito moderno. A direção é competente, mas não é brilhante. O elenco é razoável e sabe fazer os trejeitos dos esterótipos propostos pelo autor do livro no qual se baseia o filme Bem Mezrich. É daqueles filmes que divide a avaliação do público como se este torcida fosse: os que adotam e "amam" o facebook acham o filme espetacular. Os outros acham que não há nada demais nele... Bem, vale a pena testar de que lado você fica.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
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