quinta-feira, 8 de julho de 2010

Copa do Mundo é do Polvo! E do Jagger!

Caminhamos para assistir a final da Copa do Mundo da África do Sul entre a Espanha e a Holanda. De fato, não estamos diante de um espetáculo muito estimulante. Temos um concerto de interesses imensos, de empresas patrocinadoras, de empresários de jogadores, da mídia e da crônica esportiva cheia de opiniões, do turismo local, etc e tal. Em meio a tudo isto, um pouquinho de futebol porque ninguém é de ferro. Afinal como seria explicar a FIFA? Não há ironia que possa revelar algo diferente.
Talvez o único alerta que possamos fazer a esta altura da tertúlia futebolística seja o fato de que estamos diante de uma Copa já decidida. Não há razão alguma que justifique que a partida final aconteça. O campeão pode ser conhecido muito mais facilmente. Explico.
Desde sempre o homem é fascinado pela aferição do futuro. Os magos, profetas, gurus e assim vai, sempre estiveram a vigiar o futuro para os reis e poderosos. O povo ficava na espreita para ver se sobrava algum. No Templo de Delfos, na Grécia, as pitonisas entravam em transe e transformavam as suas palavras em previsões, ou melhor, em verdades incontestáveis. Aí residia o futuro e quem fosse sábio que apenas cumprisse o script.
Pois bem: temos de reconhecer que o polvo do aquário da África do Sul é a pitonisa moderna. Com os seus lustrosos tentáculos ele não erra: levanta a tampa do recipiente com comida e serve-se. Há dois recipientes, cada qual com a bandeira do país que vai disputar a partida. O recipiente escolhido representa o país vencedor da partida vindoura. O futuro está revelado.
Ora, pergunto eu: por que devemos perder tempo vendo TV se um polvo resolve a coisa toda?
Trata-se de um profeta de estirpe. Natan, Amós, Elias. Sei lá.
A única questão que me intriga é saber por que tantos "especialistas" em futebol não tem a mesma acuracidade. Por que aqueles comentaristas faceiros falam uma coisa e o que acontece em campo é outra?
Já especulei muito a respeito. Listei algumas razões (incertas):
1) O polvo tem muitos tentáculos e os "especialistas" tem apenas um cérebro. Nos dias de hoje melhor ter corpo que cabeça. Corpo bonito, é claro;
2) O polvo quer mesmo é comer o marisco dentro do recipiente. Vai lá e resolve. Os "especialistas" fingem que não comem, mas para comer tem de não resolver o problema;
3) O polvo é flexível. Os "especialistas" são cheios de convicções;
4) O polvo não precisa falar. Diz, assim mesmo. Os "especialistas" falam muito e não tem nada a dizer;
5) O polvo é remunerado por um marisco. Os "especialistas" tem de vender um monte de patrocínios;
6) O polvo sabe o que a coisa toda é simples. Os "especialistas" precisam explicar a tática, a técnica, o "momento da partida", o "craque da copa", etc.
7) O polvo não se importa com críticas, sequer tem ouvidos. Os "especialistas" precisam ser escutados, criticam, mas odeiam críticas e, antes de falar, verificam a quais interesses eles atendem.
Paro por aqui, pois chega de pensar, temos sete cogitações. Além disso, "sete" é número de mentiroso.
Há, porém, outra forma de decidir as partidas. Basta convidar o Mick Jagger e perguntar para que time ele vai torcer: como se sabe o ex-moço do rock´n roll é um pé frio danado. Mas, que ele decide, isso ele faz!!! Se disse que vai dar Inglaterra, escolha a Alemanha. Se torceu pelo Brasil, escolha a Holanda. Um craque magrela e com a boca beiçuda. 
Esta Copa do Mundo para mim não tem time bom. Tem apenas uma dupla que sabe de tudo: o polvo e o Jagger. Não assistirei a partida de domingo. Quero saber das coisas. Antecipadamente.



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