segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Belas Mulheres e Pouco Sobre Gainsburg

Sinceramente eu não conhecia Serge Gainsbourg nem nunca o tinha associado as músicas La Javannaise e Je t’Aime, Moi non Plus. Digo mais: muito embora o conteúdo seja provocador em função do erotismo que projeta, tais músicas não fazem (nem faziam) parte de minha memória musical.
Foi com este sentimento de desconhecimento que adentrei à sala de cinema para assistir O Homem que Amava as Mulheres (Gainsbourg (Vie héroïque), 2010, França, dirigido por Joann Sfar, com Eric Elmosnino, Lucy Gordon, Laetitia Casta, Doug Jones, Anna Mouglalis, Mylène Jampanoï, Sara Forestier e Claude Chabrol). Afora isso, o título do filme em português teve a má ideia (pelo menos em minha opinião) de roubar o nome do filme de 1977 do brilhante François Truffaut de L’Homme qui Aimait les Femmes. Enfim, o que me levou ao cinema foram as boas notas dos jornais para o filme de Sfar.
O filme é daqueles que você sai com uma sensação contraditória de que é bom e, ao mesmo tempo, ficou faltando algo (importante). Eu não sabia do sucesso de Gainsbourg nem como cantor e nem como conquistador de mulheres deslumbrantes, sendo a mais famosa delas, a magnífica Brigitte Bardot. De fato, a feiúra de Gainsbourg contrasta solenemente com as suas possibilidades em armar boas jogadas com tantas mulheres bonitas. Um histórico e tanto neste campo. Todavia, este é insuficiente para promover uma história significativa para forjar um filme. No meio de tantas conquistas o que sobra no filme são algumas construções sobre o exercício de seu judaísmo na França ocupada de 1940-45, com boas tiradas humorísticas e alguma inteligência, esta a meu ver exagerada pelo script. Além disso, há algumas intervenções, ao longo do filme, de uma figura como que saída de uma desenho animado, com traços do próprio cantor, que exerce um papel que oscila entre um alter-ego e um superego. A meu ver, muito embora muito críticos tenham elogiado a "sacada" do diretor, estas intervenções freudianas acabam por revelar menos sobre Gainsbourg. E ainda deixam os expectadores levitando na ausência de substância (imaginativa ou não) sobre a tal figura. Sofrível.  
O interessante é que o filme começa num ritmo encantador que deixa curioso quem vê a figura nascente do personagem. Depois o roteiro vai caindo, caindo, caindo, até se arrastar ao final o que deixa a todos meio incertos sobre quem realmente Gainsbourg amava e,mais, quem era o distinto gajo.
O ponto alto do filme é a interpretação segura e própria (sem necessidade do apoio do diretor) do italiano Eric Elmosnino que protagoniza Gainsbourg. Ele sabe onde está a câmara, trabalha em função dela, mas não parece preocupado com ela. Seguro e firme. Gostaria de vë-lo em outro filme para saber se ele tem versatilidade ou vira um chato de galocha como Roberto Benigni aquele mesmo que fez A Vida é Bela e com quem Elmosnino lembra vagamente.
Eu recomendaria que as pessoas assistissem este filme, mas provavelmente eu não me importaria de não conversar sobre ele junto a um bom copo de rosso que deveria ser tomado depois de ir ao cinema. É isso.

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