A Páscoa é a mais importante festa do cristianismo. De fato, não haveria a maior religião ocidental não tivesse Cristo ressuscitado de sua tumba, luminoso e glorificado. A Ressurreição forma a identidade do homem que nunca morre em espírito. É eterno como Deus.
Para o judaísmo é o símbolo da liberdade da escravidão do Egito, o início da caminhada em direção à Terra Santa. Não existindo liberdade, não há o homem que sob Deus descobre a vida e a alegria.
Para os que crêem este é o significado da Páscoa. Para os descrentes não razão para não comemorar a vida e a alegria de viver. Para estes, a Páscoa persiste como centro da reflexão sobre a nossa vivência entre os nossos próximos e iguais. Para todos é a festa da família que se reúne para erguer os brindes em louvor à vida.
Para comemorar a Páscoa, selecionei da Sicília uma tradicional receita de doce. Naquela ilha ao Sul da Itália, a santidade da vida se mistura com a sedução dos festejos. Tudo em torno da boa mesa. Muitos santos são comemorados (São Martinho, Santa Lúcia e São José são os mais importantes), além das festas mais marcantes do calendário cristão, onde a Páscoa e o Natal pontificam. A sedução do açúcar se mistura com as conversas das famílias tagarelas. Os sabores dos pratos recai sobre a consciente percepção de que a vida vale a pena e a alegria não é apenas uma virtude: é uma espécie de destino que tem de ser cultivado diariamente.
Vamos à receita do Cannoli. Nossa receita é para 15 pessoas, afinal na Páscoa a casa está sempre cheia.
Prepare inicialmente a massa. Bata a manteiga (25g-35g) e o açúcar (25g) até fazer espuma. Logo depois misture um ovo grande, quatro colheres de vinho branco seco, açúcar baunilhado (duas colheres de sopa) e uma pitada de sal. Tudo com carinho. Depois despeje 150g de farinha de trigo e bata até que fique elástica e bem lisinha. Reserve um lugar fresco e deixe-a descansar coberta por duas horas. Depois deste justo período, estenda a massa com uns 2 milímetros de espessura e recorte-a em quadrados de 12 a 15 centímetros de largura. Posicionando estes quadrados na posição de losangos, role-os com um rolo de metal (2cm de diâmetro e 15 de comprimento) e forme tubos, fechando-os com ovo batido (eis o selo do confeiteiro!). Não retire os tubos nesta fase. (Os tubos podem ser também de bambu).
Siga para o fogão. Pegue uma panela grande , aqueça óleo vegetal (na quantidade que possa cobrir os cannoli). Depois que o óleo estiver fervendo, mergulhe de três a quatro cannoli por cerca de 1 e 1/2 minuto a 2 minutos. Depois de fritos, deixe-os secar no papel absorvente e depois de estarem totalmente frios, retire os tubos cuidadosamente.
Agora chegou a vez do recheio. Mexa vigorosamente a ricota (500g) com um garfo. Em seguida despeje açúcar (100g), uma colher de sopa de açúcar baunilhado e a água de folha de laranjeira (2 colheres de sopa). Mexa e mexa até que a ricota fique com uma consistência cremosa. Depois, coloque casca de limão e laranja cristalizadas e bem picadas (50g no total) e de 90g a 100g de chocolate amargo em pedaços mínimos (quebre a barra com as próprias mãos). Misture tudo até que pareçam bem distribuídos. Não perca tempo. Recheie os cannoli com esta massa de recheio e polvilhe com açúcar em pó. Sirva frio, mas nunca, jamais, coloque esta especialidade siciliana na geladeira. Seria um pecado mortal em plena Páscoa.
Para servir, coloque os cannoli no centro da mesa, certo tempo depois do final da refeição principal. Deixe que cada um se sirva. De preferência coma os cannoli com a presença de um belíssimo Moscato di Pantelleria. Este vinho de sobremesa licoroso recheia a vida juntamente com os recheados cannoli. Feliz Páscoa. Viva a Vida!
quarta-feira, 31 de março de 2010
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