segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Stallone, o Homem das Duas Telas

Fui informado pela revista Piauí 40 (Jan, 2010) que Sylvester Stallone é também pintor. Dedica-se ao preenchimento artístico de telas há trinta anos - possivelmente extraia a graça da arte em meio às filmagens nem tanto artísticas. Além disto é colecionador de artistas de renome, tais como, Rodin, Monet e Dali. Entre os dias 3 e 6 de dezembro do ano passado, Stallone participou da versão 2009 da maior feira de artes dos EUA, a Art Basel Miami Beach e expôs quadros nas cercanias de outras obras de artistas famosos. O nome da Stallone collection é nada mais nada menos que The Electric Bust of Criativity (A Explosão Elétrica da Criatividade).
O mais incrível desta notícia é que os críticos não arrepiaram o herói das telas (cinematográficas, neste caso) com críticas negativas. Ao contrário, houve até elogios. De outro lado, algumas obras de Stallone foram arrematadas para juntar-se à coleção de um milionário que já possui quadros de Picasso, Cézanne, Rembrandt e Van Gogh.
Bem, estes são os fatos e não há porque duvidar deles. De minha parte não vi os quadros e provavelmente não verei. Todavia, tenho certeza interior, tal qual uma convicção de fé, que Stallone faz parte da sombria perspectiva que recai sobre a arte de hoje em nome da modernidade. Fico imaginando seus quadros com tons que penetram nos olhos de forma aguda e das figuras distorcidas que tentam expressar o que os modernos de outrora já expressaram. (A bem da verdade no artigo da Piauí há uma descrição de duas obras, Trapped Ideals e Superman que por certo me trouxeram esta visão do Stallone pintor).
Não acredito minimamente na sensibilidade estética ou ideológica de Sylvester. Não recomendo nenhum tempo dispendido com este artista. A não ser que seja para o atingimento de objetivos financeiros. Afinal, em tempos de títulos sub-prime, de fundos especulativos (hedge funds) e ações chinesas, é possível que os quadros de Rambo, Cobra, Rocky e Falcon possam propiciar algum lucro. Tudo isto em detrimento dos melhores "fundamentos artísticos" - na falta de melhor termo, vamos usar este.
Por fim, fico especulando se os galeristas do Village novaiorquino vão ser atraídos pelos quadros "baratinhos" de Stallone - um Yves Klein sai por US$ 12 milhões, um Stallone custa a bagatela de US$ 90 mil. O mundo está tão complicado que posso imaginar o vasto público gay do Village se defrontando com as telas de um homenzarrão que declara docemente que "o macho americano está em extinção". Será que eles vão comprar os quadros? Afinal se trata do artista que está a simbolizar o verdadeiro crepúsculo do macho...  

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