Não apenas o centenário de fundação do Corinthians merece relevo. Dentre as muitas datas que serão lembradas este ano, uma que talvez não ganhe relevância na mídia e nas mentes seja o centenário do início da revolução mexicana de 1910. Esta é uma data revestida de significados na medida em que esta foi uma revolução que ocorreu em meio ao primevo desenvolvimento industrial de um país. O chamado país de capitalismo tardio.
Sob a presidência de Porfírio Diaz (por mais de trinta anos, a partir de 1876) o país tinha iniciado um processo de enormes investimentos em infra-estrutura e no setor industrial, os quais foram viabilizados pelas grandes empresas estrangeiras, sobretudo norte-americanas e inglesas. O ditador Diaz bancava a ordem, enquanto as empresas transnacionais viabilizavam o progresso. Como se vê, uma forma ideológica conhecida pelos nossos lados.
A revolução mexicana perdurou por quase dez anos, desde a tentativa eleitoral de Francisco Madero o qual pediu a introdução de uma reforma agrária e a renúncia de Porfírio Diaz até o assassinato de Venustiano Caranza em 1920. Todavia, os personagens mais marcantes da revolução foram Pancho Villa o qual tentou tomar o poder por meio de um golpe e Emiliano Zapata quem controlava a guerrilha rural e adepto de uma reforma agrária radical. Villa liderou a revolução a partir do norte do país e Zapata a partir do sul.
A revolução mexicana consolidou uma ideologia anti-clerical e nacionalista. Todavia, a Constituição dos Estados Unidos Mexicanos de 1917 pode ser considerada como a primeira que consolidou a doutrina da segunda geração dos direitos sociais e civis iniciada pelo lançamento do Manifesto Comunista (1848) e pela Encíclica Papal Rerum Novarum (1891).
Chamo a atenção para a data de vez que esta comemoração evidencia o atraso da agenda social, política e econômica da América Latina como um todo. A quase totalidade dos temas que engendraram a revolução mexicana, sobretudo a influência do capital estrangeiro, a reforma agrária, a profunda desigualdade entre ricos e pobres, a compressão da classe média, a funcionalidade do processo eleitoral, a ausência do Estado na tutela dos direitos, a legitimidade dos governantes e a viabilização de um modelo de desenvolvimento mais equilibrado permanecem na agenda de todos os países latino americanos. Sem exceção.
Num ano eleitoral como será 2010 aqui no Brasil nada melhor que dar uma olhadinha na história mexicana e lá encontrar muita fonte para reflexão e ação.
Por fim, lembro aos cinéfilos o filme Viva Zapata! (1952) dirigido com brilho por Elia Kazan e escrito por John Steinbeck. Os jovens e arrojados Marlon Brando (Emiliano Zapata) e Anthony Quinn (Eufemio Zapata) estrelam um filme que marca uma visão de fora do México sobre os acontecimentos revolucionários da década de 1910. Vale a pena ver e afinar o espírito crítico.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
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2 comentários:
Viva o Pancho Villa do Squat que te inspirou a escrever este texto!\o/
Figurinha, eu sabia que esse assunto ainda ia render boas conversas! (Por acaso vocês ficaram batendo um papo sobre o Madame Satã durante a noite?)
#piadainterna \o/ \o/ \o/ \o/
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