quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Uma Receita Doce Para o Carnaval

Não há lugar do mundo onde o carnaval assume uma feição cultural específica como no Brasil e, mais recentemente, trata-se de um negócio que ultrapassa as fronteiras das avenidas onde o samba corre solto. Interessante é que a exata origem da festa é objeto de infindáveis discussões e, mesmo no Brasil, o carnaval se espalhou pelo país sem que se saiba exatamente como foi esta simbiose cultural. 
Há outro lugar onde o carnaval teve (e ainda tem) certa relevância cultural e a folia é parte essencial do calendário: Veneza. O Carnavale era festejado, sobretudo no século XIX, com pompa e requinte naquela bela cidade. Os bailes de fantasia eram a forma pela qual diversas comunidades disputavam o domínio da folia pré-quaresma. Como nos carnavais de hoje, os bailes eram palco de transgressões de comportamento (para dizer o mínimo). Nada que possa se comparar ao nosso país sub-tropical, mesmo porque não havia as belas mulatas que desfilam pelas passarelas do samba. Todavia, em Veneza cometiam-se outros excessos relacionados à gula. Os bolinhos e doces eram particularmente apreciados e consumidos como parte integrante da folia fantasiada e fantasiosa. 
Em homenagem ao carnaval, compartilho com os leitores uma receita popular de uma massa doce, o zaleti, um pequenino bolinho da ilha de Burano. Trata-se de um quitute simples e delicioso. Vamos à receita.


Reúna cerca de duas colheres de sopa de passas de uva e as embeba em grappa (legítima, por favor). Enquanto isto, cuidadosamente vá dissolvendo 100 gramas de manteiga em 250 ml (pouco mais de um copo grande) de leite. Depois, sem ansiedade, espalhe numa tingela a mistura de 250g de farinha de milho 150g de farinha de trigo, cerca de três colheres de chá de fermento, uma pitada de sal e 120g de açúcar. Por cima desta mistura, vá despejando o leite (já com a manteiga derretida) e vá mexendo devagar e depois com mais vigor até obter uma massa consistente e elástica. Caso fique muito seca pode colocar um pouco mais de leite na massa. Uma vez estando pronta a massa, despeje as passas (e a grappa). 
Revista uma tingela própria de forno com papel vegetal. Ponha um pouco de farinha nas mãos e molde as roscas com cerca de 10 cm de comprimento, 2 cm de largura e altura de um dedo e meio. Leve-as a um forno pré-aquecido (180º) por quinze minutos. Depois de retirar do forno a massa cozida, despeje açúcar de confeiteiro, de preferência baunilhado.


Estes bolinhos são ótimos para recuperar as forças em meio à folia. Caso não haja folia podem ser comidos a qualquer hora do dia e mesmo após às refeições. Uma coisa é certa: haja folia ou o mais absoluto silêncio, na alma de quem come esta especiaria veneziana sobrará alegria. A mesma alegria do rufar dos instrumentos de repercussão que varrem a avenida dos sambistas de nossa terra. Sejamos felizes.

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