Ao longo dos anos 30, depois do débâcle pós-crise de 29, a taxa de desemprego nos EUA atingiu 1/4 da população economicamente ativa. Apesar desta tragédia no período da Grande Depressão, a sociedade norte-americana não perdeu a confiança de que a terra da liberdade e das oportunidades seria a maior nação do globo. Em 1932, o pior deste conturbado período, o partido comunista teve menos de 0,25% do total dos votos. Enquanto isto, a Europa escolhia Hitler na Alemanha, tinha Mussolini na Itália, Franco na Espanha e Stálin na Rússia.
Os EUA não perderam a crença nem no país e nem em suas instituições.
No ano passado a economia americana caiu 2,4%, o pior desempenho desde 1946. A opinião pública está dividida e a crença no país, segundo o Instituto Gallup, atinge patamares mínimos em termos históricos. Os valores sociais (e históricos) não participam de forma sólida no imaginário coletivo da atual América. O Império não declina, mas decai.
O filme Amor Sem Escalas (Up in the Air, direção de Jason Reitman, com George Clooney, Anna Kendrick e Vera Farmica) é um retrato da era da desconfiança que reina em pleno império. Ryan Bingham (Clooney) é um consultor de recursos humanos que é responsável pela demissão de funcionários com o objetivo de ajustar os custos das empresas. Ele vive a caminho de alguma cidade, de Omaha até Miami, uma rota na qual se defronta com homens e mulheres de todas as idades e raças que são sumariamente demitidos. Há algumas poucas promessas de apoio psicológico e para uma (improvável) recolocação profissional. A certa altura, Bingham tem de treinar uma recém-saída estudante (Kendrick) de renomada universidade. Lá está a jovem "moderna e brilhante" que crê nos computadores e até mesmo no amor, uma simbiose que contradiz o "ideal niilista" de Bingham - somar um milhão de milhas aéreas. As milhas são a única coisa coisa palpável para o consultor: o amor lhe é ocasional e sexual, o lar é o hotel, não há amigos e nem família. Sequer há ceticismo, tudo é "natural".
Eis a América do desemprego, do individualismo e dos trânsfugos que fogem da Velha América. Algo muito diferente dos filmes de Frank Capra que nos anos 30 em meio à Grande Depressão fazia filmes cheios de sonho e crença na América, tais como, Da Vida Nada Se Leva (You Can´t Take It With You), A Vitória Será Tua (Broadway Bill) e O Galante Mr.Deeds (Mr. Deeds Goes To Town). Em o Amor Sem Escalas, o galã George Clooney pode até sorrir, um sorriso estilizado, mas não é com a confiança que era interpretada nos filmes de Capra por James Stewart, Warner Baxter e Gary Cooper.
O diretor Jason Reitman, o mesmo de Juno e Obrigado por Fumar, até que tenta dar uma saída para esta desesperança: a amante de Bingham é casada e tem filhos. Finge ser a liberada, aquela que dorme com diferentes homens em muitos e ousados lugares, mas de repente ela crê na estabilidade da família, na proteção do marido e, eventualmente, no amor dos filhos. Obviamente, toda esta liberação não pode dar certo somada a todas as ambições por estabilidade: tudo se torna efêmero e improvável. O melhor para Bingham é retomar as suas viagens.
Na crise atual, talvez o que esteja faltando à América é um pouco dos velhos valores dos tempos duros da Grande Depressão. A família, os amigos, a igreja, os bons costumes e a cabeça de quem sabia que ia conquistar o mundo. Na era da amizade colorida, o que a América quer mesmo é casar. Nada mais inusitado.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
Extremamente prematuro afirmarem que George Clooney se parece com Cary Grant.(Nem de lomge, embora ele tente, tente tente...)
Um grande desalento para mim, que as pessoas não possam perceber o valor de uma ASTRO como Cary Grant.
Ninguém desta era atual pode ser comparado aos grandes do passado como Gary Cooper, Cary Grant , Errol Flynn, etc... foram únicos e viverão para sempre em nossos corações.
Acredito que falam assim até porque sentem saudades do passado e queiram reviver a grande ÉPOCA DE OURO do cinema, mas infelizmente é algo que não será jamais reprisado.
Melhor mesmo rever os grandes clássicos para matar saudades.
Amor sem escalas, filme mediano que pouco decolou em minha preferência.Vazio, fútil, destituído de qualquer prazer.
E como disseram, só mostra o quanto falta romantismo e lirismo no cinema atual.
Afirmo... nem é preciso perder tempo.Vá logo revendo um filme de Cary Grant que seu tempo será melhor empregado.
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