Belo é o filme sobre uma admiradora da famosa chef norte-americana Julia Child. Meryl Streep dá um show de interpretação, sobretudo se considerarmos o modo particular de falar de Child. Stanley Tucci é o carinhoso marido de Child e tem atuação discreta. A jovem admiradora de Julia Child chama-se Julie (interpretada por Amy Adams), vive em Queens e, aos 30 anos, decide escrever um blog sobre Julia a partir da experiência da execução das receitas dela. O roteiro é baseado em fatos reais e é feito com delicadeza e expressão.
O filme se passa em tempos distintos e jamais Julie se comunica com Julia. Na imaginação inquieta da jovem Julie, a antiga estrela da culinária norte-americana é uma espécie de redenção. Suas receitas de culinária dão sabor à vida presumidamente pacata dos arredores de New York. Muito embora Julie tenha imposto a si própria um desafio, tudo corre em favor da suavidade e da delicadeza. Ao sair do cinema, a vida parece mais feliz e se pode saber que há algo além do consumismo e da hipocrisia. Julia e Julie foram mulheres que desafiaram a si mesmas, mas não se escravizaram na busca incessante do sucesso. Ao contrário: para ambas a satisfação de suas ambições vem como uma brisa não como uma tempestade. Tudo muito distante dos valores da chamada vida moderna. Longe dos preceitos feministas. Aquelas duas belas mulheres estão mais próximas de seus maridos que de ambições sem controle. Dali, daquele pequeno apartamento do Queens ou da charmosa morada de Child na Paris do pós-guerra, aquelas duas mulheres "tradicionais" conquistam o mundo. Mulheres ditas "modernas" rangem os dentes, mas no fundo têm aquele desejo íntimo de ser uma delas...
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