quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"Lula, o Filho do Brasil": Sobra Preconceito

Não sou lulista. Nunca votei no atual presidente, embora o reconheça como um político que exerceu um papel fundamental na consolidação da redemocratização brasileira pós-64.
O novo filme do produtor Luiz Carlos Barreto e dirigido por seu filho Fábio Barreto tem sido muito comentado pela mídia e nas rodas sociais e de "formadores de opinião". No geral, o que tenho ouvido são críticas negativas, visto como deficiente de credibilidade no que tange ao roteiro, bem como sendo fruto do "oportunismo" político do atual presidente. Fala-se inclusive de populismo e das facilidades comerciais na obtenção de patrocínios, embora não exista apoio oficial ao projeto. Até mesmo nas salas de cinema freqüentadas pela classe média e abastada paulistana, durante a apresentação do trailer do filme, ouve-se comentários negativos e pejorativos. 
Fico pensando se não estamos diante de um preconceito pernóstico - seja político, seja de classe. Com o agravante de que quase ninguém o viu.
Se alguém perguntasse se o Presidente Barack Obama mereceria ser personificado no cinema, talvez estes que criticam o filme de Barreto balançassem a cabeça em favor da execução de uma obra "obamiana". Por que Lula não mereceria ser biografado num filme? Sua história não o faz por merecer? Não é a sua trajetória política significativa? 
Responder positivamente a estas questões não implica em nenhuma concordância política ou, até mesmo, biográfica com os fatos relatados sobre o filme. Se fosse assim, Hitler, um dos maiores ou o maior canalha da história, não poderia ser objeto de um filme. Ou alguém admira Hitler?
Se há críticas a fazer em relação à película que estas sejam feitas naquilo que lhe diz respeito: à segurança e brilho da direção, à qualidade da produção, à interpretação, ao roteiro e por aí vai. Se houve favorecimento comercial ao projeto que isto seja criticado e noticiado, como aliás, já ocorreu. Agora, se há um fato real e claro em tudo isso, este está do lado da platéia e nos críticos do filme: o preconceito enorme para com o filme e o presidente. 
Se um comercial de TV ou um documentário sobre Luciana Gimenez sofresse este tipo de críticas haveria entre os "formadores de opinião" defensores da liberdade e contra os preconceitos. No caso do Filho do Brasil, tudo que se diz parece óbvio, preconceituoso e ignorante (na medida em que sequer se assistiu ao filme). Há ainda a gozação daqueles que dizem "que não viram e não gostaram". Bem, neste caso chegamos ao limite entre a realidade e a ficção. Esta sim, a única coisa que se consolidou como majoritária em relação ao Filho do Brasil.

Nenhum comentário: