Ontem fez 15 anos da morte de Tom Jobim. Vi poucas menções à data. É natural que sejam esquecidos certos dias, sobretudo quando se está a lembrar do desaparecimento de alguém que nos deixa saudade. A mesma saudade que sua música pôs-se a espantar.
Tom Jobim é para mim algo além de boa música. Ele é o zeitgeist de um Brasil, ao final da década dos 50, que acreditava em seus próprios horizontes e perfumava a vida com certo ar de inocência (não de ingenuidade!) e frescor nas idéias. Era o tempo de JK e seu sorriso aberto, do Brasil campeão mundial de futebol pela primeira vez, do teatro de rebolado, e assim vai. Tom Jobim, muito mais que o outro co-fundador da Bossa Nova João Gilberto, foi o retrato, a almágama daqueles anos que moldaram o país dali prá frente. Tom respirava alegria genuína, falava de ecologia, quando pouquíssimos se preocupavam com isto, e tocava música apenas comprometido com a elegância estilística e o cuidadoso timbre dos instrumentos musicais. Se olharmos retrospectivamente veremos que a supra-estrutura cultural e intelectual do Brasil do final dos 50 andava à frente de seu tempo. Usualmente, o pensamento anda atrás da sociedade e raras vezes é de fato vanguarda - apesar do que pensam os intelectuais deles mesmos... Tom, ao contrário, respirava modernidade sem que isto significasse um rompimento abrupto e, muitas vezes, descabido entre o presente e o futuro. Tal qual ocorreu nos anos 60 e, em menor medida, nos 70.
O Brasil de hoje está, do meu ponto de vista, próximo a dar uma salto significativo na direção do futuro depois de três décadas brigando com o passado. De certa forma, faremos as pazes com a perspectiva de sermos de fato uma nação moderna, muito embora isto ainda nos custe muito para ocorrer. A despeito destes tempos modernos que estão a despencar sobre os nossos olhos temos de reconhecer que nos falta um Tom Jobim para andar à frente e nos guiar. Chega de saudade, não é mesmo?
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
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Um comentário:
F.P. o sentimento que nutro por Jobim é mesclado...as vezes acho ele um chato, outras um gênio. Foi sem dúvida a expressão de uma época em que o Rio de Janeiro e sua gente viviam como se deve viver a vida. De uma coisa não tenho dúvida: sua obra mudou a cara da moderna música brasileira.
Renato Ganhito
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