quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Um Aniversário Sem Aniversariante

Alguém consegue imaginar uma festa de aniversário na qual o próprio aniversariante não é comemorado ou, até mesmo, esquecido? O caso é gritante, notório e, ao mesmo tempo, facilmente perceptível. Basta um pouquinho de reflexão.

O Natal é o aniversário de Jesus Cristo, o maior acontecimento da humanidade, para os crentes que Nele crêem o Filho de Deus, e para os descrentes que apenas acreditam nos fatos históricos (e comprovados). Do ocidente ao extremo oriente, Jesus Cristo é conhecido e é um “divisor da história”. Ocorre que nesta era hipermoderna o fato é que “Papai Noel” ou Santa Claus tomou conta do pedaço e é ele a maior representação do Natal. O pequenino de Belém parece permanecer quieto e esquecido no presépio repousando sobre aquela manjedoura sob o calor do bafo dos animais que rodeiam o menino. Nem se ouve o canto de aleluia dos anjos.
Se retirarmos o caráter religioso da data ainda restaria muito a ser discutido em relação a esse aniversário. Do ponto de vista histórico, o choque entre as civilizações passa necessariamente pela reflexão do seu papel ao longo dos séculos e do atual contexto do cristianismo. Ora, a mídia considera o assunto como secundário. Parece-me um equívoco de pauta.
Do ponto de vista religioso, Jesus Cristo permanece como a figura mais discutida e discutível nesta era de globalização. O Judeu Marginal nascido a pouco mais de dois milênios não foi um pregador fundamentalista. Ao contrário: enfrentou o Poder Romano e Judaico de sua época com preceitos simples e que magnetizaram pensadores e multidões ao longo dos séculos posteriores ao seu nascimento. Para além dos doze (ou onze) homens que o seguiam.
Por tudo isto, Jesus Cristo mereceria maior atenção da mídia. Maior que as notícias sobre as disputas sobre o clima e muito maior que os últimos parceiros amorosos das estrelas do cinema e da TV. Aparentemente, nem os homens da propaganda sabem extrair deste personagem o que ele tem de melhor e que ainda é raro no mundo moderno: uma concepção excepcional sobre o amor.
Se para Marx, a “religião era o ópio do povo”, no momento a indiferença é o ópio da verdade. Seja histórica, seja religiosa.

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